Tirar partido dos dados para abordar os riscos relacionados com pessoas nos cuidados de saúde

Os colaboradores impulsionam os cuidados de saúde, a inovação e o sucesso, mas sem uma gestão proativa, também introduzem riscos que podem afetar as operações, a reputação e a resiliência no geral. Por aproveitar o momento e analisar dados abrangentes, as organizações do setor da saúde têm um poder único para prever e abordar estes riscos - mitigando as ameaças atuais enquanto se preparam para as que estão no horizonte.
Os prestadores de cuidados de saúde, mais do que organizações em qualquer outro setor, têm acesso a uma grande variedade de dados que podem revelar tendências, identificar vulnerabilidades e sugerir intervenções direcionadas. No entanto, o principal desafio reside na adoção de uma abordagem estruturada e disciplinada à gestão de risco relacionado com pessoas — integrando dados clínicos, operacionais e de RH em silos para criar um caminho claro e acionável a seguir. Este artigo destaca o porquê e de que forma as organizações de cuidados de saúde devem adotar uma abordagem corporativa, baseada em dados, para gerir os riscos relacionados com pessoas e em como pode proteger a sua força de trabalho.
Mudar de gestão reativa para uma gestão proativa dos riscos
O setor da saúde enfrenta riscos únicos devido à sua natureza dinâmica e às intensas exigências colocadas na sua força de trabalho. O recente estudo global da Mercer Marsh Benefits (MMB) sobre os riscos relacionados com pessoas na saúde, que contou com as perspetivas de profissionais de risco, RH e C-suite de 26 países, desvenda as vulnerabilidades enfrentadas por organizações deste setor. Os riscos relacionados com pessoas — riscos decorrentes de fatores relacionados com a força de trabalho, tais como cultura, lacunas de competências e bem-estar dos colaboradores — representam desafios consideráveis para os prestadores de cuidados de saúde se não forem geridos adequadamente.
O estudo MMB destaca três pilares que moldam os riscos relacionados com pessoas nos cuidados de saúde:
- Mudança e disrupção tecnológica
- Práticas de gestão de talento, liderança e de gestão de pessoas
- Saúde, bem-estar e segurança
Cada pilar representa uma área de risco que pode ser efetivamente gerida através de análise de dados e planeamento estratégico. Ao integrar perspetivas retiradas dos dados na tomada de decisão, as organizações do setor da saúde podem transitar de uma gestão reativa para uma gestão proativa do risco.
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Navegar pela mudança e disrupção tecnológica
A tecnologia está a reformular os cuidados de saúde, introduzindo novas formas de prestação de cuidados e eficiências operacionais. No entanto, também traz novos desafios, particularmente em áreas como cibersegurança, onde o erro humano contribui significativamente para violações de dados e vulnerabilidades. Prevê-se que o custo médio de uma violação de dados em 2024 seja de 4,88 milhões de dólares americanos, sendo o erro humano um fator que contribui para muitas destas violações.1 Além disso, este estudo MMB apurou que 47% dos responsáveis no setor da saúde manifestaram uma preocupação sobre ciberataques, uma ameaça acentuada pela cultura organizacional e lacunas na sensibilização para a cibersegurança. Outros 40% preocupam-se com o facto de os colaboradores confiarem demasiado em conteúdos gerados por IA sem uma verificação adequada — uma área onde a confiança sem verificações pode ter repercussões graves.
Os dados oferecem às organizações do setor da saúde as informações de que necessitam para mitigar estes riscos relacionados com a tecnologia. Ao analisar o engagement dos colaboradores com protocolos de cibersegurança e ao seguir padrões de monitorização de violações de dados ou outros incidentes de segurança, as organizações podem identificar vulnerabilidades e concentrar-se em áreas que requerem atenção imediata. As soluções baseadas em dados, como a criação de modelos preditivos, podem ajudar a prever a probabilidade de ciberataques, ou identificar departamentos onde os colaboradores podem estar particularmente dependentes de conteúdo não verificado gerado por IA. O objetivo é gerir o risco e implementar uma cultura de vigilância e de melhoria contínua.
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Abordar o talento, a liderança e as práticas de gestão de pessoas
O setor da saúde depende sobretudo de uma força de trabalho especializada e dedicada para prestar cuidados de elevada qualidade. No entanto, a escassez e retenção de talentos são um problema contínuo e continuarão a ser por algum tempo. De acordo com o estudo MMB, 45% das organizações do setor da saúde encontram desafios em garantir competências especializadas, enquanto 42% dos inquiridos citam a falta de oportunidades de crescimento de carreira como condicionante na retenção de talentos. Além disso, com 39% a comunicar que os seus pacotes de compensação não satisfazem as diversas necessidades da força de trabalho atual, é notório que uma gestão eficaz de talento deve adotar uma abordagem mais personalizada para atenuar a escassez de força de trabalho e proteger tanto a responsabilidade profissional como a reputação da organização.
Os dados desempenham um papel crucial na abordagem aos desafios relacionados com pessoas para identificar lacunas de competências, avaliar a eficácia da formação e acompanhar os padrões de progressão na carreira, para assim, melhor compreender quais os fatores que contribuem para a retenção e engagement do talentos. Uma melhoria na escuta dos colaboradores, através de estudos direcionados e focus groups digitais, pode fornecer informações sobre se as práticas atuais de gestão de pessoas que vão ao encontro das necessidades dos colaboradores. Quando os prestadores de cuidados de saúde tiram partido dos dados para tomar decisões informadas sobre o que os colaboradores querem e precisam, podem atrair e reter talentos críticos de uma melhor forma.
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Melhorar a saúde, o bem-estar e a segurança
Os profissionais de saúde estão expostos a níveis elevados de stress físico e psicológico. Burnout, problemas de saúde mental e preocupações de segurança são os mais comuns, reforçando a necessidade de uma abordagem mais abrangente ao bem-estar dos colaboradores.
O estudo MMB destaca que:
- 35% dos supervisores neste setor têm dificuldade em abordar os problemas de saúde mental das suas pessoas
- 33% notam que os programas de bem-estar das suas organizações são insuficientes
- 28% relatam cargas de trabalho insustentáveis entre a sua equipa
As repercussões são graves: Quase metade das organizações inquiridas verificou um aumento de absentismo por doença, pedidos de incapacidade a longo prazo e pedidos de indemnização decorridos de uma gestão inadequada do risco em torno da saúde e bem-estar.
Uma abordagem organizacional para criar uma força de trabalho resiliente
A responsabilidade de gerir os riscos relacionados com pessoas de forma eficaz é uma preocupação urgente para os responsáveis de cuidados de saúde. Uma abordagem organizacional disciplinada e orientada por dados oferece uma vantagem clara, permitindo aos prestadores de cuidados de saúde antecipar e mitigar riscos antes de estes se transformarem em crises. A integração de dados de toda a organização — abrangendo departamentos clínicos, operacionais e de RH — permite uma visão integrada dos riscos relacionados com pessoas, facilitando uma força de trabalho mais resiliente e preparada. Além disso, ultrapassar as barreiras dos silos criados pelos diferentes departamentos promove uma melhor comunicação e transparência.
Os prestadores de cuidados de saúde estão numa posição privilegiada para tirar partido do seu acesso a extensos conjuntos de dados. Ao investirem nas ferramentas certas e em parcerias para aproveitar estes dados, podem criar um ambiente mais seguro e mais solidário para os seus colaboradores, salvaguardando simultaneamente a sua estabilidade operacional e o cuidado a pacientes.
Interessado em saber mais sobre os riscos relacionados com pessoas?
Pode fazer o download do relatório global aqui.
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