Como as organizações podem ajudar a transformar os benefícios de saúde para colaboradores 

Pessoas de negócios multiétnicas a falar sobre trabalho e vida

Os sistemas de saúde a nível global estão a enfrentar vários desafios, com médicos sob pressão pelos cada vez mais complexos problemas de saúde e a falta de pessoal médico qualificado para atender a estas exigências. As organizações podem desempenhar um papel importante em reduzir a lacuna nos cuidados de saúde públicos ao investir em benefícios de saúde desenhados para ir ao encontro das necessidades físicas e psicológicas das suas pessoas. 

Desde a pandemia da COVID-19, os sistemas de cuidados de saúde sobre pressão têm sentido dificuldades em prestar serviços, levando a diagnósticos incorretos, cuidados se saúde com pouca ou má qualidade1. O impacto na força de trabalho tem sido significativo. De acordo com o nosso estudo People Risk 2024 39% das organizações estão preocupadas com o aumento do custo com sinistros nos seguros de saúde privados, 46% estão preocupadas com o aumento das taxas de ausência por doença e 47% estão preocupadas com perdas de produtividade, uma vez que os colaboradores são forçados a gastar mais tempo e energia na obtenção, procura e deslocações para obter cuidados de saúde2.

Ao mesmo tempo, as organizações estão a testemunhar níveis crescentes de stress, depressão, ansiedade e esgotamento nas suas pessoas, levando a desafios na produtividade, absentismo e rotatividade2. No nosso estudo, a deterioração da saúde mental foi classificada como o risco mais grave pelos profissionais de RH e o risco número seis pelos gestores de risco2. As organizações reconhecem que gerir o stress relacionado com o trabalho é mais importante do que nunca, mas muitas preocupam-se com o facto de os seus programas de bem-estar emocional não cumprirem as necessidades crescentes da sua força de trabalho.

Claramente, esta situação não pode continuar. À medida que os sistemas lutam para acompanhar o envelhecimento das populações e a escassez de talento, as organizações têm uma oportunidade única de se tornarem um catalisador para a necessária transformação na saúde. Devem usar a sua influência para impulsionar esta mudança, promover o apoio à saúde para os seus colaboradores e preencher as lacunas tanto nos sistemas tradicionais de cuidados de saúde, como nos cuidados preventivos.

Criar novos modelos de cuidados

As organizações podem começar por criar pacotes de benefícios que promovem o acesso a cuidados de saúde de boa qualidade para todos, não apenas para aqueles com funções de administração e funções seniores. Isto pode implicar alargar a cobertura médica privada para complementar programas de saúde pública ou expandir os subsídios por doença profissional para aqueles que mais precisam. Mas as organizações também têm oportunidades únicas para ir além destas abordagens mais comuns. Devem inovar e modernizar os seus benefícios para promover a inclusão e satisfazer as expectativas em mudança dos seus colaboradores.

Por exemplo, podem aumentar a utilização de práticas e produtos de saúde digitais, como intervenções de diagnóstico ou cuidados virtuais, para aliviar a pressão nos sistemas de saúde e melhorar a sua disponibilidade. Estes tipos de benefícios não só ajudam a manter as suas pessoas saudáveis, como também melhoram significativamente a experiência e a proposta de valor para colaboradores, nos diferentes grupos e ajudam a atrair e reter talento de topo.

As organizações continuam a ser uma das instituições mais confiáveis para oferecer este tipo de soluções de saúde de elevada qualidade, convenientes, acessíveis e seguras, quer sejam disponibilizadas através de sistemas de saúde públicos ou privados3. Os colaboradores confiam nelas para escolher as soluções certas e disponibilizar o acesso aos produtos e serviços de que precisam. Cada vez mais, isto envolve desenhar pacotes híbridos de cuidados de saúde, que combinem benefícios de cuidados virtuais com elevada qualidade e fáceis de usar, disponibilizados através de aplicações mobile, com acesso direto a prestadores de cuidados primários. Estes benefícios, quando agregados num portal como uma “porta digital”, apoiam os colaboradores a navegar pelos seus benefícios fornecidos pela organização quando mais precisam deles. 

Modernizar os benefícios para se tornarem relevantes

As organizações também devem rever regularmente os seus programas de benefícios para garantir que permanecem relevantes, particularmente no panorama de saúde atual em mudança. Por exemplo, o nosso estudo People Risk  concluiu que 38% das organizações estão preocupadas com os benefícios disponibilizados pelas empresas e pelo estado serem insuficientes para cobrir condições de saúde relacionadas com o clima, tais como doenças relacionadas com o calor e doenças transmitidas por mosquitos2. As empresas precisam cada vez mais de abordar as suas estratégias de benefícios através de uma lente climática.

Ao mesmo tempo, as organizações devem refletir sobre o papel que podem desempenhar na proteção sada saúde dos seus colaboradores. Isto inclui uma estratégia centrada nas suas pessoas e desenhar funções tendo em conta a saúde e segurança dos seus colaboradores – particularmente no que respeita ao bem-estar mental. O que significa pagar um salário vital, garantir trabalho que seja seguro e protetor, ouvir e envolver-se com as suas pessoas, desenvolver percursos de carreira consistentes e transparentes e criar funções com horas razoáveis e trabalho flexível.

As organizações também devem implementar programas de saúde mental que vão ao encontro das diversas necessidades das suas pessoas, incluindo garantir o acesso à assistência profissional quando necessário. Também é crucial criar uma cultura de segurança psicológica, onde os colaboradores se sintam protegidos contra riscos e compreendam o seu propósito dentro da empresa em geral.

Isto nem sempre é fácil, e as organizações podem beneficiar da procura de aconselhamento e orientação especializados ao desenhar estratégias de bem-estar e implementar mudanças culturais4. Quando feito corretamente, um bom desenho do trabalho pode aumentar a resiliência organizacional e individual, permitindo uma força de trabalho saudável e minimizando o stress e o esgotamento dos seus colaboradores.

Relatório People Risk 2024

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Transformar a saúde, construir resiliência

As organizações que priorizam o bem-estar dos colaboradores irão, em última análise, cultivar uma força de trabalho mais robusta e resiliente5. Ao investir em benefícios de saúde para todos, promover a saúde mental e um ambiente de trabalho de apoio, as organizações podem ter um impacto positivo na moral, produtividade e retenção de pessoas. Desenvolver parcerias estratégicas com prestadores de cuidados de saúde e organizações comunitárias e continuar a monitorizar as necessidades dos seus colaboradores pode ajudar as organizações a adaptar programas de saúde e bem-estar para garantir que permanecem eficazes. Isto irá desempenhar um papel crucial no preenchimento das lacunas deixadas pelos sistemas de saúde tradicionais.
Sobre o(s) autor(es)
Alejandro Puebla

Workforce Health and Wellbeing Consultant, Spain

Beth Hill

Wellbeing Program Manager, Australia

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